terça-feira, 5 de agosto de 2014

PRIMEIRO PASSO - Detalhado

PASSO UM

“Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis.”

Não importa o que ou quanto nós usávamos. Em Narcóticos Anônimos, estar limpo tem que vir em primeiro lugar. Percebemos que não podemos usar drogas e viver. Quando admitimos nossa impotência e inabilidade para dirigir nossas próprias vidas, abrimos a porta da recuperação.
Ninguém conseguia nos convencer de que éramos adictos. Nós mesmos temos que admiti‐lo. Quando algum de nós fica em dúvida, ele se pergunta: “Posso controlar o uso de substâncias químicas que alterem de alguma forma minha mente ou meu humor?”
A maioria dos adictos perceberá imediatamente que é impossível controlar. Seja qual for o resultado, descobrimos que não podemos usar controladamente por qualquer período de tempo.
Isto claramente sugeriria que um adicto não tem controle sobre as drogas. Impotência significa nos drogarmos contra a nossa vontade. Se não conseguimos parar, como podemos nos iludir dizendo que controlamos? Quando dizemos que “não temos escolha,” mostramos a incapacidade de parar de usar, mesmo com a maior força de vontade e o desejo mais sincero. No entanto, nós temos uma escolha quando paramos de tentar justificar nosso uso.
Não chegamos a NA transbordantes de amor, honestidade, boa vontade e mente aberta.
Chegamos a um ponto em que não podíamos mais continuar devido à dor física, mental e espiritual. Ao nos sentirmos derrotados, ficamos prontos.
Nossa incapacidade de controlar o uso de drogas é um sintoma da doença da adicção. Não somos apenas impotentes perante as drogas, mas também perante a adicção. Precisamos admiti‐lo para nos recuperarmos. A adicção é uma doença física, mental e espiritual que afeta todas as áreas de nossas vidas.O aspecto físico da nossa doença é o uso compulsivo de drogas: a incapacidade de parar uma vez que tenhamos começado. O aspecto mental é a obsessão ou o desejo incontrolável que nos leva a usar, mesmo destruindo nossas vidas. A parte espiritual da nossa doença é o total egocentrismo. Pensávamos que podíamos parar quando quiséssemos, apesar de todas as evidências em contrário. Negação, substituição, racionalização, justificação, desconfiança dos outros, culpa, vergonha, desleixo, degradação, isolamento e perda de controle são alguns resultados da nossa doença. Nossa doença é progressiva, incurável e fatal. Para a maioria de nós, é um alívio descobrir que temos uma doença, e não uma deficiência moral.
Não somos responsáveis por nossa doença, mas somos responsáveis pela nossa recuperação. A maioria de nós tentou parar de usar por conta própria, mas éramos incapazes de viver com ou sem drogas. Finalmente, percebemos que éramos impotentes perante a adicção.
Muitos de nós tentaram parar de usar por simples força de vontade, o que resultou numa solução temporária. Vimos que a força de vontade sozinha não funcionava por muito tempo.
Tentamos inúmeros outros recursos, psiquiatras, hospitais, clínicas diversas, novos romances, novas cidades, novos trabalhos. Tudo o que tentávamos, fracassava. Começamos a perceber que havíamos racionalizado verdadeiros absurdos para justificar a confusão que fizéramos das nossas vidas com drogas.
Até abrirmos mão de todas as nossas restrições, sejam elas quais forem, estaremos colocando em risco os alicerces da nossa recuperação. As restrições nos privam dos benefícios que este programa tem a oferecer. Livrando‐nos de todas as restrições, nós nos rendemos. Só assim podemos ser ajudados na recuperação da doença da adicção.
Agora a pergunta é: “Se somos impotentes, como Narcóticos Anônimos pode ajudar?” Começamos por pedir ajuda. O alicerce do nosso programa é a admissão de que nós, por nós mesmos, não temos poder sobre a adicção. Quando podemos aceitar este fato, completamos a primeira parte do Passo Um.
Precisamos fazer uma segunda admissão para completarmos nosso alicerce. Se pararmos aqui, saberemos apenas meia verdade. Somos mestres em manipular a verdade. Dizemos por um lado: “Sim, sou impotente perante minha adicção,” e por outro lado, “Quando acertar minha vida, poderei lidar com as drogas.” Tais pensamentos e ações nos levaram de volta à adicção ativa.
Nunca nos ocorreu perguntar: “Se não podemos controlar a adicção, como podemos controlar nossas vidas?” Nós nos sentíamos péssimos sem as drogas, e nossas vidas estavam incontroláveis.
Incapacidade de se empregar, desleixo e destruição são facilmente identificados como características de uma vida incontrolável. Geralmente, nossas famílias estão desapontadas, confusas e frustradas com nossas ações e, muitas vezes, desertaram ou nos deserdaram. Nossas vidas não se tornam controláveis por conseguirmos um emprego, sermos aceitáveis socialmente e com o retorno aos familiares. Aceitação social não significa recuperação.
Descobrimos que não tínhamos escolha: ou mudávamos completamente nossas antigas maneiras de pensar, ou então voltávamos a usar. Quando damos o melhor de nós, o programa funciona para nós como funcionou para outros. Quando não suportávamos mais nossas velhas maneiras de ser, começamos a mudar. A partir deste ponto, começamos a ver que cada dia limpo é um dia bem sucedido, não importa o que aconteça. A rendição significa que não temos mais que lutar. Aceitamos a nossa adicção e a vida como ela é. Estamos dispostos a fazer o que for necessário para ficarmos limpos, até o que não gostamos de fazer.
Até darmos o Passo Um, estávamos repletos de medo e dúvidas. Muitos de nós sentiam‐se perdidos e confusos. Nós nos sentíamos diferentes. Ao trabalharmos este passo, afirmamos anossa rendição aos  rincípios de NA. Somente após a rendição, começamos a superar a alienação da adicção. A ajuda aos adictos só começa quando somos capazes de admitir a completa derrota. Pode ser assustador, mas é o alicerce sobre o qual construímos nossas vidas.
O Passo Um significa que não precisamos usar, e isto é uma grande liberdade. Demorou muito para que alguns de nós percebessem que suas vidas tinham se tornado incontroláveis. Para outros, o descontrole de suas vidas era a única coisa clara. Sabíamos, no fundo de nossos corações, que as drogas tinham o poder de nos transformar em alguém que não queríamos ser. Estando limpos e trabalhando este passo, somos libertados dos nossos grilhões. Entretanto, nenhum dos passos trabalha por mágica. Não repetimos apenas os dizeres deste passo; aprendemos a vivê‐los. Percebemos que o programa tem algo de concreto a nos oferecer. Encontramos esperança. Podemos aprender a funcionar no mundo em que vivemos. Podemos encontrar sentido e significado na vida e sermos resgatados da insanidade, depravação e morte.
Quando admitimos nossa impotência e incapacidade de controlar nossas próprias vidas, abrimos a porta para que um Poder maior do que nós nos ajude. Não é onde estávamos que conta, mas para onde estamos indo.

FONTE:
Guia Introdutório para Narcóticos Anônimos
Os Doze Passos e as Doze Tradições reimpressos e adaptados com autorização de AA World Services, Inc.
Tradução de literatura aprovada pela Irmandade de NA.
Copyright © 1996 by
Narcotics Anonymous World Services, Inc




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